sábado, 22 de dezembro de 2007

Por Não Estarem Distraídos - Clarice Lispector

Bem... hoje não me sinto tão inspirada... apenas pensativa... pensativa demais.
Escolhi um escrito bonito que tem a ver com coisas que tenho aprendido ao longo do caminho. É tão bonito... um escrito da Clarice Lispector que me foi apresentado por uma amiga há um tempo atrás e que relendo agora me fez muito sentido. Leiam também:

"Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.
No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Poema para minha amiga flor de maracujá

Dourada flor de maracujá,
Flor da fruta que tem sementes como polpa:
Tens a possibilidade da renovação
encravada na tua própria carne.
Fleur du fruit de la passion,
Flor da fruição dos desejos e dos sabores da vida:
Azedo-doce que dá água na boca,
Todos teus gostos são muitos em um.
Passiflora, amorosa trepadeira,
Flor que encanta os passarinhos beijadores
Com a exótica beleza das tuas pétalas -
Guardiãs da coroa púrpura que te enfeita -
Acalma minha alma com teu perfume
Feito de sonhos, amizade e ternura,
Celebra comigo as primaveras e verões
Que te prometo regar para sempre
Com gratidão e afeto verdadeiros,
Com o sumo dos meus aparecimentos rotineiros,
Com lágrimas de amiga-irmã choradeira,
Que te ama e te agradece por seres
Flor dourada no meu jardim!

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Aqueles beijos

Lembrei daqueles beijos
como se caíssem sobre mim centenas de jasmins frescos.
Cada centímetro da minha face tocada,
todos os suspiros contentes e infantis
me despertaram lágrimas
que eu não sabia ainda guardadas para você...

Que saudade triste da inocência perdida eu senti!
saudade de terem sido seus beijos
como uma delicada chuva de pétalas cheirosas
que coroaram aquele momento,
onde fomos anjos e crianças misturados
na alegria do reencontro...

Hoje enxugo o choro que corre como rio,
e, em homenagem aos doces momentos que existiram,
guardo um buquê de lembranças perfumadas,
porque assim deve ser...
porque assim,
fica tudo mais bonito...

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Aérea

Um furacão brincando de ser brisa nos seus cabelos
Rodopio e embaraço.
Cochicho segredos nos seus ouvidos
e espalho aos quatro ventos palavras intraduzíveis
para quem não sabe in-ventar...
Danço, balanço na velocidade que o mundo gira,
Me canso da monotonia das voltas exatas.
Elíptica, incerta, redemoinho alegre,
Sopro o ar quente dos trópicos pelos poros ardentes
E me deixo levar,
flutuando entre as nuvens,
meus olhos sorriem macios...

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Escrito apaixonado

Cá estou, de volta ao mundo,
à tenra matéria, ao desejo imaculado
e nutridor dos sentidos e sentimentos.
Paixão me alimenta
Devaneios felizes me reconstroem
Delírios ébrios e sonolentos me despertam a alma,
a malícia, a vontade, os arrepios sorridentes...
Sinto o passeio da imaginação pelo meu corpo
Que contrai e alucina
Doce rapaz de voz que me tira sorrisos desavisados e suspiros manhosos,
quase imperceptíveis...
Quem dera soprasses o vento quente dos teus beijos
no meu pescoço e na minha nuca descoberta,
e, sem querer, me fulminasses com teu olhar duvidoso,
tão certo do desejo inegável e do calor que te sobe
quando disponho minhas energias serenamente fervilhantes
em carícias descuidadas, inicialmente tímidas,
futuramente arrebatadoras, sedentas e mui amorosas...
Ai, ai...
Cá espero, mais uma vez, sem pudores -
Vênus paciente e apaixonada que (e)s(t)ou.
Amanhã já não sei...
Amanhã, uma gota desse sussurro rouco de Eros me contentaria,
Talvez...

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Simplicidade

Felicidade é coisa simples,
como o deslizar do carvão sobre papel.
Desenhos surgem inesperados,
vindos de lugares escondidos
e mesmo que não nos digam nada,
são bonitos, e isso basta!
Não importa se são grandes ou pequenos.
O fato é que eles são parte de nós,
Como os momentos felizes -
que, sendo duradouros ou não,
Existem o tempo todo
Se deixarmos também o nosso ser deslizar pela existência
Como se esta fosse um papel fino e delicado
Ao mesmo tempo muito resistente,
daqueles que não se desfazem facilmente.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Oração a todas minhas mães

Esse é o momento de seguir em frente
De adentrar a floresta em busca do fogo,
Para criar alma.
De encontrar todas sortes de criaturas
Que me habitam.
De dar adeus e boas vindas,
De cumprir tarefas e ser recompensada
por ter coragem.

Esse é o tempo de encarar todas as sombras,
de deixar passar todos os cavaleiros,
O sol, a noite e madrugada,
que se apresentam imutáveis.
Tempo de ser roda afortunada
Por estar conhecendo mais do mundo
E de mim mesma.

Em minha companhia, levo um arco-íris lúdico:
Minha herança abençoada
Com beijos e abraços ternos,
Lágrimas de amor infinito,
e desejos de caminho bem traçado,
Com afeto do amor inabalável
Da que tudo sabe e compartilha.

Boneca verde me deixou a doce mãe boa demais -
para apaziguar a alma
e aprender a escutar segredos do coração.
Boneca vermelha - para compreender que também sou instinto.
Boneca laranja - para apaziguar o corpo
e cuidar do desejo, fonte da vida.
Boneca amarela - para proteção,
para ajudar a escolher entre isto e aquilo.
Boneca azul, para aprender a dizer sim e não na hora certa.
Boneca índigo, pra ler melhor as entrelinhas.
Boneca violeta para compreender melhor o universo.

Minha alma agridoce agradece multicolor.
Minha voz se espalha por todos os meus ouvidos,
cantando a gratidão.
Em espírito me alimento do amor profundo
da outra mãe, boa o suficiente,
que agora me guarda de longe,
pois confia em mim e tem certeza
que eu saberei sempre o que fazer por mim mesma
se estiver em silêncio e disposta a ouvir minha própria voz.

Escrito inspirado no Conto da Vasalisa, no livro de Clarissa Pinkola Estés - Mulheres que correm com os lobos - e em muitas sincronicidades.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Eu só sei que, apesar de tudo,
a vida é bonita é bonita e é bonita!!!!!!!!

In and Out

Nenhuma mensagem chegou...
As moscas calaram seu zumbido
O telefone não tocou,
Eu continuei em silêncio
Dentro e fora de mim.

Primavera inquietante
De flores mortas e ferrões
De odores fortes, inebriantes
De lua nova acelerada, crescendo
Dentro e fora de mim

Peito apertado e dor na garganta
Engulo o nó para digerir
Esse lento sabor amargo
No âmago, eu choro
Dentro e fora de mim

Não chove, mal venta
O sol não diz bom dia
Se põe sem dizer adeus
O clima está estranho
Dentro e fora de mim

Se entro, quero sair
Se saio, vejo que o lugar é dentro
Dentro e fora de mim:
Desafiando as leis da física
E quebrando as minhas próprias...

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Homenagem a uma estrela-irmã que retorna ao lar

Há meses atrás minha querida amiga Regina se foi para longe meditar. Meditar sobre o tempo, sobre a amizade, sobre a existência, sobre os amores, o passado, sobre os encantos e desencantos dos desertos que vira-e-mexe surgiam dentro dela.
Não deu notícias, não escreveu, nem telefonou - apenas telepatizou e refeltiu meses sem pensar.
Nadou, caminhou na praia, deixou sua pele queimar ao sol pra se sentir menos frágil, talvez... aprendeu com as marisqueiras e com os amigos do mar coisas que desde sempre já sabia e lembrou das coisas novas, nas quais não havia chegado a pensar.
Eu senti saudades e deixei escapar suspiros e sorrisos ao me lembrar dela atrapalhadamente ariana com a lua em gêmeos (como a minha!), acolhedora com o ascendente em câncer... ao recordar das nossas conversas metafóricas de ar e fogo misturados, que nos chegavam aos ouvidos coloridas, sempre desafiando a monotonia das palavras e idéias ordinárias...
Publico aqui um poeminha que escrevi no dia em que ela foi embora e em seguida publico, com muita honra, um poema simbólico escrito por ela sobre o seu Rê-torno não para Brasília, mas para si mesma.
Que flores vermelhas brotem infinitamente no oásis do seu olhar verde-claro, querida amiga!

Poesia para uma amiga em retiro

"Lá se vai a libélula multicolorida,
fazer florescer novos jardins...
Menina feita de nuvens chorosas, de arco-íris e risadas,
A ti, desejo um tempo de amores e de brisa do mar,
um tempo que pára os relógios cotidianos e
desmancha os castelos de areia,
um tempo que semeia teus sonhos
e faz cantar os passarinhos,
na mata atlântica, nos coqueiros antigos e nas cachoeiras,
Quando, no fundo do mar bahiano,
te sorrirão cavalos marinhos e redemoinhos...
Dançarão em tua homenagem
arraias profanas, tubarões medrosos e golfinhos.
E eu, cá no cerrado,
derramarei uma lágrima mista de saudade e fantasia..."
(Thaís Werneck)

Agora a esperada poesia da amiga que voltou:

Rê-nascimento

"Um zumbido arranhado,
dissonantes frequências em rê-composição,
[buscando o mergulho definitivo para dentro da refrescante melodia das asas.

Um deserto de sal e lágrimas,
chuva ácida que dissolve a contemplação do infinito
[na sábia teimosia do rê-nascer da frágil flor.

Um grito em mil pedaços rasgado,
Abocanhado pelas feras da noite que arde
[mas que logo se rê-trai e se apaga.

Um vento forte,
Que varre a aspereza das palhas
[ensandecido espiral rumo ao ventre que palpita de estrelas e amor.

Um abalo sísmico,
Rebuliços no oceano da alma
[lava e água nas sendas do impenetrável coração.

Um suspiro profundo
Afago cósmico, um "sim" ao mundo
[e ao vai-e-vem paciente e perseverante das estações.

Uma voz tão suave e terna
Ninando os prantos, medos e ilusões
[morno aconchego num ninho banhado em luz.

Quer com o negro véu do luto,
quer vestido de cintilâncias primaveris,
é o mesmo chamado, em tantas formas transmutado
[soluços e súplicas pelo rê-torno ao lar...

Mais que guerras e fronteiras,
quero teias e pontes!

Rê-nascida das próprias cinzas,
a fênix solar se eleva inteira aos céus,
explodindo numa supernova de aceitação e amor.

E do útero do universo verte uma cascata de sorrisos,
[prece cósmica pelo pulsar de tão majestosa galáxia."
(Regina Nascimento)

Linda!

É por isso que concordo com meu amigo João Alfredo (que já me prometeu um texto para ser publicado aqui): Viajar é preciso!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Vaidosa

Pus-me bonita para você me ver passar,
Escolhi a cor certa, o tom mais reluzente
Pro brilho dos meus olhos.
Dexei o cabelo cair pro lado, desacostumado.
A cor da minha boca ficou contente,
No meu rosto, vermelhas maçãs-de-amor sem blush.
Unhas de gata malhada - sem base!
Sombreadas piscadelas me escaparam
E meus cílios sinceros se alongaram tentando te avistar...
Brotou de mim um convite,
Mas passaram horas, passou o dia,
Passou o momento de você me ver passar
E eu fiquei passada!
Com a alma amarrotada,
Estilosamente cheia de saudades de te encontrar...

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Chuva

A primeira gota de chuva caiu,
levantou um pouco da poeira,
fez minhas narinas sentirem o odor
dos incansáveis ciclos da natureza -
Independentes e necessários.
Cada pétala sentiu o afago dos pingos.
Cada folha se refrescou serenamente.
A terra se nutriu da água
que tortuosamente penetrou o chão
desejoso de lágrimas do céu.
Eu fechei os olhos e respirei devagar
esse cumprimento úmido e celestial.
Adormeci.
Acordei com o canto orvalhado de um sabiá
que mora perto da minha janela.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Mais e Menos

Te vejo um criança
Com verdades tristes estampadas no olhar
Abaixo a minha vista
Para não me aprisionar
Mais...Para não te desentender
Outra vez.
Para fingir que não ligo
Para desmoronar depois
Sozinha.
Para não dizer tudo.

Te vejo uma criança
Com voz amarga caindo dos lábios
Ensurdeço meus ouvidos
Para me desapontar
Menos...Para não compreender
O que não se repete
Para fingir que não me sinto
Tão longe...
Para olhar miragens
distantes .

Te vejo uma criança
De cabelos pretos perdidos
Calo a minha fala
Para não me exceder
Mais...Para não sentir saudades
Intensas...
Para não dizer que eu ligo
Sim...
Para não cantar canções de amor
Sem saber por que.

Me vejo uma menina-moça-mulher
Sinestésica
Transpirando poesia
Querendo maisTemendo menosSem "mais ou menos"!
Nem mais, nem menos...
Abaixo a vista
Ensurdeço
Me calo
Temporariamente

Pra desmoronar a torre.
Pra sentir meu cheiro.
Pra exceder meu ser.
Pra quebrar a forma
Desconstruir as rimas
Pra dizer meus sins,
apesar dos nãos.
Pra não escrever finais
coerentes
Porque todos os dias
Eu mudo
Sem mais, sem menos...

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

(Quase) Introspectiva

Uma lágrima quase cai.
A melancolia quase se instala.
Meus pés quase passam pela porta.
Meus olhos quase miram os teus.
As palavras quase saem certeiras.
Soluços quase cantam.
Um grito quase sai da minha boca.
Eu quase ouço o que dizem.
Eu quase ouço o que eu sinto.
Pássaros quase abandonam suas gaiolas.
Eu quase aprendo a delicadeza.
Quase acredito que gostas de mim.
Quase sonho ser inteira...

domingo, 23 de setembro de 2007

23 de Setembro - Equinócio de Primavera

Aproveitem a PRIMAVERA. Ela traz consigo a possibilidade de renascimento, recomeço e alegria. Não se esqueçam que estamos intimamente ligados à natureza, embora muitas vezes nos esqueçamos completamente disso, por termos nos afastado tanto dela...

O fato é que se estivermos sintonizados, sentiremos a energia desta estação do ano de cores e calor, de vida aflorando e acordando depois do descanso necessário do inverno e, assim, poderemos dar às nossas vidas, nesse momento, esse mesmo rítmo otimista e pronto para " a eterna novidade do mundo".

Falando em estações do ano e nos ciclos da nossa vida, recomendo que vejam o filme "Primavera, verão, outono, inverno... e primavera".Acho esse filme muito ilustrativo para esse momento pelo qual eu e, tenho certeza, muitas outras pessoas estamos passando, que é um momento onde fica clara a necessidade de se esvaziar do passado com desapego para que o novo surja, mas tendo em mente que tudo que aconteceu antes foi exatamente o que tinha que acontecer para chegarmos onde estamos hoje. E o lugar onde estamos hoje, é exatamente onde devíamos estar...Além disso, o filme é maravilhosamente poético, é quase uma meditação...

Desejo a vocês uma estação bonita e feliz, que os/as preparará para viver um intenso verão!

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Psiquêgrafia*

A little star arises in the sky...
I look it softly saparkling,
smiling goodbye.
I wish It could be a falling star,
right in my arms...
But it's not for me to decide
the movements of the universe.

Uma pequena estrela aparece no céu...
Eu a vejo cintilando suavemente,
sorrindo seu adeus.
Eu gostaria que fosse uma estrela cadente,
caindo direto nos meus braços...
Mas não sou em quem decide
os movimentos do universo.

* psiquêgrafar é um conceito brilhante inventado por Fernanda, querida amiga, em uma noite etílicamente linda, de lua quase cheia, de olhos semi-cerrados e lacrimejantes... quando inesperadamente uma resolução esperada há anos acontece, num piscar de olhos!Então é possível sentir em cada batida descontrolada no meu peito, cada uma delas, que estremece a minha existência, uma porta se abrindo para o velho passar e dar lugar ao novo... Mas como é difícil! Como é difícil ter a humildade de deixar ao Universo a escolha de qual lugar é mais apropriado, qual é a hora mais adequada, porque no final, o controle é mera ilusão...

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

sem-sentido-sensível

Exalo meu halo,
Hálito e brisa.
Destilo motivos.
Ouço breves canções.
Meu coração bate,
Me atropela.
Minhas mãos desgovernadas
Não me seguram.
Exalo, destilo, verto,
Sem cessar.
Não entendo esperar.
Finjo palavras
Para preencher o vácuo.
Me desconcentro, não me conecto.
Bate, bate, bate
O músculo involuntário.
Calo - gelo na alma.
Exalo para dentro.
Por fora serena,
Por dentro sirenes.
Eu olho para os lados,
Procuro envergonhada
o que me prometeste.
Saio desconcertada.
Rio, apesar de tudo...

Fica comigo!

Verto mil goles vermelhos essa noite,
assim, converto minhas lágrimas econdidas
em sorrisos de borboletas azuis
vagueantes num labirinto de pétalas secas.
Flores sem néctar me alimentam de perfumes distantes
minha mente transita errante
por caminhos infinitos.
Instantes de luz permeiam meus sonhos
e eles se vão com o vento...
caminham, pregiçosamente
carregados de chuva e de gotas de mel,
ironizam o mundo sem querer...
Nos meus pensamentos palavras vão se apagando.
E na minha boca, o silêncio grita: não vai embora, fica comigo!

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Des-cartesiana

Descartando Descartes:
Existo, logo não penso.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Poesias de Mulheres

A primeira poesia dessa publicação é de uma das mulheres da minha vida: Carole.
"O contato não precisa de contrato": isso diz tudo! Por que é tão difícil para as pessoas simplesmente deixarem rolar o que quer que seja sem pensar no que será depois? Por que a maioria, senão todos os que eu conheço, não conseguem se tocar, se beijar, se amar momentâneamente sem pensar que isso implicará num depois, num contrato velado, num cativar indesejado? Por que as pessoas não simplesmente deixam rolar? É tão difícil assim? E se rolar um depois-sem-prazo-de-validade- pré-definido, um depois sem definições, simplesmente uma continuação de sensações e sentimentos sem nome, qual o problema?... Por que tem que ter nome? Por que tem que ser definido?
Aqui, nessa publicação, dedico um espaço a mulheres que não se enquadram, não cabem em categorizações, em pré-definições... que são muito mais do que isso e que querem muito mais do que os padrões de relacionamentos estabelecidos sabe lá por quem... por uma sociedade que não faz o menor sentido!
Chega... Leiam e se divirtam... se possível, reflitam...

"O contato não precisa de contrato
é com o ouvido e com o olfato
o todo fica tonto
quando um beijo afaga o ponto
no breu, à luz do encontro,
sem controle eu desmonto
te desminto e te conto
as controvérsias de outrora
- meu suor verte e chora
verde
azul
norte e sul
cor de amora
veste
minha nudez
leste e oeste.
O contato não mora,
visita o corpo dentro e fora
na tez,
no tesão,
na frente, na fronte,
na mente, na fonte,
no monte de vênus
é quente, a gente sente
o tônus, ao meno
se então
fica cool
meu coração,curaçau blue(am I a fool?)
O contato
não quer desconectar
quer néctar o paladar
a língua move sem falara fala cala
e o olho escuta
o que o coração diz
sem verbalizar.
Palavras não são nada
quando a gente pode gesticular
quando a gente pode ouvir
a voz de um olhar mudo.
O contato
é com tudo!"
( Carolina O.)

"Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha

Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha.)

Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel

Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra."
Roteiro do Silêncio(1959) - Sonetos que não são - I
Hilda Hilst

"Sou diva, doida, deusa
No meu ritual, pega a óstia e o vinho na ponta dos meus dedos –
toma-os com destreza, com tua língua duvidosa...
Tú, devoto descrente,
desmonta todos os dogmas da minha religião
descabida, desprovida, depravada...
Despe-me, rasga meu decote,
derrama teu gosto até o fim da minha cintura,
cospe desdém no meu corpo delgado, doce, desnudo – sem dó.
Clama dócilmente por meu querer doente,
que dilata tuas pupilas, esse querer delinqüente...
Deixa de lado toda decência desse mundo desencantado, decadente.
Eu, diva, doida, deusa te convido...
Te chamo a disputar comigo todo o desejo,
então me decomponho em mil delírios e
peço que venhas ser debochado debaixo, em cima,
de todas as formas bem demorado dentro de mim...
Em troca te dou minha benção ditosa, descomedida,
E se me ofereces dízimos, os desprezo,
pois o que se paga por me cultuar
são apenas as conseqüências deliciosas
de se entregar ao meu amor dionisíaco.
(Thaís Werneck - exercício em D).

Em breve mais poesias de mulheres, de homens, de seres iluminados e de sombras... o que importa é ser poeta não só nas palavras...

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Poema Plástico

" ......................................................
.........................................................
...................,...................... ,............
.....................................................!!!
.........................................................
....................................! (...) "


Nenhuma interrogação,
nem pontos finais.
Eu somente exclamo
esse sentimento ininteligível...
Compreenda-me, mas não tente entender.
Alguma explicação?
Leia os meus lábios, nos meus lábios -
Leia com a boca...
Estou cansada dessa falta de beijos seus!

Love is in the air...

Ontem conheci Curutiba de uma forma muito peculiar e divertida: de cima de um trio elétrico da Parada da Diversidade GLBT, ao som de "I will Survive", entre outros hits!
Contrariando as previsões metereológicas, Oxumaré - orixá do arco-íris - providenciou uma linda tarde com raios quentes e sem chuva - a não ser de homens e mulheres, como na famosa música "It's raining men".
Saímos da praça do homem nú (onde também há uma estátua de mulher nua, que não levou nenhum crédito na história machista), que estava cheia e especialmente colorida, coalhada de gente alegre, afirmando o direito pela livre orientação sexual e pela diversidade.
Eu fiquei contentemente agitando uma bandeirinha com o seguinte escrito: "Por um mundo sem racismo, machismo e homofobia". Orgulhosa por estar naquele momento em um lugar onde a imagem dos gays, lésbicas, travetis, transexuais, bissexuais e simpatizantes era associada à alegria, à liberdade de expressão e ao amor.
As falas eram na sua maioria pela criminalização da homofobia e pelo respeito à liberdade de amar!!!!
Eu, com meu caderninho ia anotando minhas impressões e gravando as cenas multicoloridas na cabeça de vento - pois a máquina de fotografia havia sido esquecida no hotel...
E pensava: na era de aquário, cada um será amado e aceito do jeito que é. E eu, no presente, faço a minha parte apoiando a causa e dançando com todos que queiram também um mundo livre de preconceitos e violência... um mundo onde possamos respirar o amor que está no ar, everywhere we look around...

Para maiores informações e para ver as fotos do evento acesse: http://www.paradadadiversidade.org.br/

2º Encontro Nacional dos Povos das Florestas

Querid@s,
Acessem a página do Encontro e façam suas inscrições!

"2º ENCONTRO NACIONAL DOS POVOS DAS FLORESTAS de18 a 23 de setembro - Brasília
OBJETIVOS:
Plantar conhecimento para fazer reencontrar o destino das florestas brasileiras com o coração esperançoso dos e das que lutam e trabalham pela continuidade da vida no nosso planeta terra. Gerar diálogos entre nossas gentes, nossas sociedades, nossas empresas e nossos governos para fazer crescer o fio d'água que haverá de reinventar as vertentes de um modelo de desenvolvimento socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente sustentável. Ampliar alianças para fazer brotar na Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampas e no Pantanal - no que sobra de florestas no chão do Brasil - uma geografia da razão voltada para manter vivas as nossas florestas para as gerações presentes e futuras."
Informações e inscrições: www.povosdasflorestas.org.br

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Amor Concreto

EROSEROSEROSEROSEROSEROSEROSEROS
EROSserounãoserEROSEROSloucadeamorEROS
EROSEROSEROSerrosmuitosEROSEROSEROS
EROSEROSpoesiaévidaEROSEROSavidaépoesia
EROSluxúriaEROSEROSmáfamaEROSEROSser,
sempreserEROSEROSEROSmetamorfoseEROSE
ROSmetáforasEROSEROSsolemleãoEROsãoERO
SascendenteaquárioEROSEROSEROSdiversãoER
OSEROSluaemgêmeosEROSEROSeunãodouamí-
nimaEROSEROSqueroamareseramadaEROSlivre-
menteEROSforaoamorhipócritaepossessivobasead
onaeconomiadospobresmortaisEROSEROSEROS
EROSmeuseussãopluraisEROSEROSEROSnatura
isEROSmeuseussãoprapoucosEROSEROSEROSE
ROSEROSasvermelhasperfumamminhalmaEROS
EROSEROSêxtaseEROSEROSEROSEROSEROS...
Eu sou puro amor ...

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Maré cheia

Lágrimas e dor – sal
Alegria e delírios – água
Vales de suculentos desejos
Rios de inúmeros infortúnios e de sorte
Derramando-se e diluindo-se:
correnteza se libertando do caminho reto, intransigente
se transformando em ondas ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~
Há mar então...
Águas que evaporam e precipitam continuamente
(Amor precipitado dói,
Amor evaporando faz sofrer, ou liberta).
Há mar em prosa
Há mar em versos...
E no mar milhões de vidas luminosas...
Água viva e constelações...
* Estrelas no mar * , * céu submerso *
Flores de pedra e corais
no mar todas as vidas...
em mim também mar,
índigo índico oceano infinito de prazeres...
mar vermelho de sangue quente passeando assustado nas minhas veias
Pacífico oceano do descanso...
no suspiro satisfeito do depois.
Maré cheia, tsunami...
Maremoto e sereia...
Maresia, maré mansa...
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~
Ah... e se me amares...
No meu mar náufrago ou navegante?
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
(É mergulhar ou largar!)

Reflexões sobre a famosa frase do pequeno príncipe.

Em conversa com um amigo dia desses, ele se referiu à famosa frase do pequemo príncipe: Tú te tornas responsável por aquilo que cativas. Eu, como sempre, pensei, pensei, pensei... e a conclusão é a de que os limites de tudo na vida são muito tênues mesmo, pelo menos em português:
Cativar no dicionário:
1. Tornar cativo; capturar
2. Ganhar a simpatia, a estima de; seduzir
3. Atrair, grangear
4. Prender, ligar, sujeitar
5. Tornar-se cativo, perder a liberdade
6. Ficar sujeito, render-se
7. Apaixonar-se, enamorar-se

O problema aqui não é o tornar-se responsável, pois isso é opcional. A reflexão é sobre o cuidado que devemos tomar para não desvirtuar o amor, a paixão e transformar sentimentos lindos em sentimentos aprisionadores.
Viagens... viagens...
Amor na era de aquário é liberdade, se não for assim, que seja dado o nome certo aos bois!

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Aquarius! Aquarius!

A idéia de criar esse blog surgiu da minha necessidade de expressão e comunicação de idéias, sentimentos, sensações... O nome "Age of Aquarius" se deve ao fato de estarmos próximos de um tempo regido por esse signo que tem tudo a ver com a comunicação, nova consciência espiritual e social, amor universal, amizade, inovações tecnológicas (daí eu ter finalmente me rendido à internet), liberdade em muitos níveis, respeito pelo outro, pelas diversas formas de pensar, altruísmo, compaixão, esoterismo, entre outros valores que eu prezo muito e tento inserir no meu cotidiano.
Já estamos sentindo as influências dessa nova era. E a minha intenção é que esse blog seja mais um dos caminhos pelos quais podemos, de alguma forma, transformar o mundo.
Aquário é idealista e visionário, assim eu também me considero... No entanto, acho que as idéias e visões aquarianas devem ser colocadas em prática. A frase do dia é a seguinte: "pense galácticamente, aja localmente" - encontrei essa frase na internet e achei muito legal: é esse o espírito dos novos tempos, já saímos do global e estamos indo para o nível galáctico! rsrsrs
Quero que esse seja um espaço livre, onde outras pessoas possam também publicar suas idéias se quiserem (é só entrar em contato comigo). Um espaço onde todas as linguagens e línguas são permitidas. Sendo assim, publicarei sem me sentir mal, coisas que julgue soarem melhor em outra língua, sem culpa ou sem me sentir colonizada, afinal o mundo é grande e eu sou contra as fronteiras. Além disso, já é sabido que, dentro de algum tempo (talvez não exatamente o tempo ao qual estamos habituados/as), elas não mais existirão e as pessoas poderão se comunicar como quiserem... o que vale é a compreensão, o som, a intenção!!!! E quem não entender, que tente sacar de outra forma ou procurar um dicionário, rsss.
Ah... antes que eu esqueça: não é uma das principais características de aquário o romantismo exarcebado - essa é uma característica minha e, por isso, além de idéias, opiniões, impressões, reclamações, minhas poesias de amor estarão por aqui também... prontas para adocicarem a vida de quem por aqui passar.

Abaixo a letra daquela famosa música do "Hair" - Age of Aquarius - para reforçar a idéia

When the moon is in the Seventh House - Quando a lua estiver na sétima casa
And Jupiter aligns with Mars - e júpter se alinhar com marte
Then peace will guide the planets - então a paz guiará os planetas
And love will steer the stars - e o amor as estrelas

This is the dawning of the age of Aquarius - esse é o alvorecer da era de aquário
The age of Aquarius - a era de aquário
Aquarius! Aquário!
Aquarius! Aquário!

Harmony and understanding - Harmonia e compreensão
Sympathy and trust abounding - simpatia e confiança em abundância
No more falsehoods or derisions - nada de falsidades e zombarias
Golding living dreams of visions - dourados sonhos vivos de visões
Mystic crystal revalation - cristalina revelação mística
And the mind's true liberation - e a liberação verdadeira da mente
Aquarius!Aquarius! - Aquário! Aquário!

hahahaha!!!!! Divertido! Quem puder baixe essa música e escute todos os dias! hahahaha!