terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O imprevisível é inevitável...


Passa aquela figurinha de sempre que lê a sorte nas mesas de bar do plano piloto e me pergunta: "Quer ler o passado e o futuro?" 
Respondo: " não, quero estar no presente".
Passa, depois de dez minutos, e pergunta de novo: "não quer ler a sorte?"
Respondo: "não, quero que a sorte me leia." 
Me desculpe, cartomante, mas prefiro a inevitabilidade do imprevisível.

“Urano, o rebelde” em oposição a “Saturno, o conservador”, em quadratura a “Plutão, o transformador” e os conflitos no mundo árabe.


(Banksy)


“Urano, o rebelde” em oposição a “Saturno, o conservador”, em quadratura a “Plutão, o transformador”. Na era de aquário.

De acordo com a astrologia, 2012, entendido como o fim de um mundo e o nascimento de outro, começou antes, com a formação de uma grande cruz no céu de agosto de 2010.

Essa grande cruz é caracterizada por uma oposição e duas quadraturas – aspectos considerados como os mais desafiadores para a astrologia.

Não bastasse já serem aspectos desafiadores, eles envolvem astros cujas energias são bem antagônicas: em batalha estão os titãs Urano e Saturno – o Rebelde e o Conservador, respectivamente. Mediando essa disputa celeste entre o velho e o novo, entra Plutão, o senhor da morte, do renascimento e das transformações – juiz mais apropriado não poderia existir, afinal, ele é juiz do juízo final...

Tudo isso acontece em meio à chegada da tão celebrada “Age of Aquarius”, a era do signo que “coincidentemente” é co-regido pelos dois titãs em questão! Incrível!

Ou seja, no ringue onde acontece o embate Urano x Saturno, pairam as energias aquarianas que se caracterizam pelo futurismo, rebeldia, pela quebra de valores convencionais, pela tecnologia, pela informação, pelo amor às causas humanitárias e principalmente pelo anseio pela liberdade. (Não à toa, à medida que essa era se aproxima [ou ela já é?], a internet ganha cada vez mais força e o mundo tende aos poucos a ir perdendo fronteiras [mas que não perca jamais a sua pluralidade!] ).

E no meio disso tudo, ou melhor, como resultado disso tudo, conflitos eclodem: Egito, Líbia, Bahrein, Iêmen...

O povo (Aquário) se rebela (Urano) contra os regimes conservadores, limitadores e controladores (Saturno). A internet (Aquário) é notadamente um dos meios mais usados para a articulação dos manifestantes destemidos e furiosos (Áries) que buscam por condições mais justas de vida (Libra).

Round One: Urano 1 X Saturno 0: é derrubado o regime de Mubarak.
Round Two: Urano 1 X Saturno 1: os governos começam a CENSURA à internet
Round Three: Urano 2 X Saturno 1: pessoas ao redor do mundo se articulam para burlar a censura e contribuir com a busca dos rebeldes por liberdade e condições mais dignas de vida.
Round Four: ?

Como em uma boa briga, existem recuos e avanços estratégicos: Urano saiu temporariamente de Áries, signo combatente e bélico e retrogradou para peixes, signo mais compassivo, enquanto saturno manteve-se firme em libra. Agora em março Urano volta para Áries. Sua chegada já está sendo sentida. O confronto se acirrará ainda mais. (Isso porque eu não mencionei que o expansivo e exagerado Júpiter estará também em Áries, ao lado de Urano, encorajando-o a não desistir jamais do combate!).

E a luta continuará... Esse exemplo do oriente médio é só um exemplo de tudo o que está acontecendo e ainda vem pela frente.
E no meio disso tudo está Plutão, atento à luta. Com a sua foice pronta para cortar todas as cabeças que forem necessárias.

Que o resultado desse embate seja mesmo transformador e, mesmo que isso não seja tão do feitio de Plutão (por sorte ele está no parcimonioso, racional e pragmático signo de capricórnio), que ele promova a conciliação entre o velho e o novo - entre a sabedoria saturnina e a inovação e rebeldia uranianas (afinal nada é somente bom ou somente ruim e queremos heróis antes de corajosos, sábios) para que de fato em 2012 (ou seja quando for) do mundo tal qual o conhecemos, nasça um novo mundo possível, onde reine a paz, o amor, a liberdade e a consciência.

Um mundo onde o ser humano alcance de fato a sua humanidade, um mundo e em que o respeito a si mesmo e ao outro (compreendido em todos os reinos: mineral, vegetal e animal) seja a única regra fundamental a ser seguida.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Virando o disco, mudando de estação, trocando o canal, ejetando o dvd...

"Tell me, what is my life without your love
Tell me, who am I without you, by my side."

Saí da terapia e liguei o som. Essa música do meu beatle favorito, o George Harrison, tocava.
Estava cantarolando a letra quando me dei por mim e vi o que ela dizia e o que a maioria das músicas e filmes e novelas dizem! Um disparate! Simplesmente um disparate! "Me diga o que é a minha vida sem você. Me diga quem sou eu sem você ao meu lado"?.
Bem,eu discutia justamente sobre isso com a minha terapêuta e então pensei "Meus deus! Será que a nossa cultura ocidental só produz arte pela desilusão ou pela dependência emocional?".
É por essas idéias que nossa mente é invadida desde criança nos contos de fada, nos filmes românticos, quando ligamos o rádio, quando compramos um CD. Isso vende e envenena bastante.
Nunca ouvi uma música de exaltação ao amor-próprio ou à independência emocional a não ser aquela do Ultraje a Rigor: "Eu me amo, eu me amo, não posso mais viver sem mim..." e mesmo assim, as pessoas normalmente achariam um declaração dessa arrogante ou egocêntrica - porque realmente não é o usual ouvir isso!
Passei um tempo racionalmente condenando esse romantismo exacerbado da cara-metade, do amor que tudo pode e a todos salva, mas ele também está impregnado em mim, nas minhas células. Racionalmente tenho um discurso, mas na prática outra atitude.
Mas de uns dias pra cá, acho (ou mais que isso, espero do fundo do meu coração), esse padrão finalmente está começando a ruir. Me sinto literalmente enjoada quando escuto ou leio esse tipo de coisa.
Dias desses eu estava lendo um escrito de George Sand para um de seus amantes, o Musset. O que normalmente eu chamaria de um escrito arrebatador e apaixonado, mesmo que completamente insano, me fez ter reações corporais estranhas. Falta de ar, enjôo, quase repulsa, igualzinho a quando a gente come doce demais e então nos oferecem mais um pouquinho e a gente sente náuseas.
Vi aí que algo estava mesmo mudando em mim: Cansei. Enjoei.
Agora quero ser contra-cultura romântica. Quero aprender a amar com base em outros referenciais, até mesmo porque eles existem. Chega!
George Harrison que me perdôe, mas vou pular essa música das próximas vezes que ela tocar. Ou quem sabe, isso não me inspire a escrever outras versões pra essa (a minha) história:
Tell me who am I without myself? Ou melhor: Tell me who am I with you by my side without myself within?

Ser feita da mesma substância de que são feitas as estrelas e, ainda assim, ser humana...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Mulheres famintas




Dia desses tive um sonho em princípio engraçado. Sonhei em quadrinhos - quadrinhos da minha infância - Turma da Mônica.
Nesse sonho colorido, em determinado momento eu abria a porta de um guarda-roupas e de lá saía a Magali, segurando o coelhinho azul da Mônica. E ela me dizia: NÃO CRIE EXPECTATIVAS!
Esse sonho não saiu da minha cabeça por dias. Até mesmo porque eu sou mestra em criar expectativas. Eu sabia que a mensagem do sonho não era somente essa. Por que a Magali? Por que o Sansão na sua mão? Por que ela estava presa em um guarda-roupas?
Pois bem, Magali é a personagem faminta do Maurício de Souza. O Sansão é a arma da Mônica com a qual ela bate nos meninos. E o guarda-roupas pode ser entendido como um cativeiro.
No dia em que compreendi isso, ituitivamente peguei o meu livro "Mulheres que correm com os lobos" e abri no capítulo " A preservação do Self: A identificação de armadilhas, arapucas e iscas envenenadas".
Nesse capítulo a autora, Clarissa Pínkola Estés, fala sobre a história de Sapatinhos Vermelhos, sobre a "hambre del alma", sobre como essa fome insaciável (tal qual a fome da Magali do meu sonho) por algo profundo pode nos levar a engolir iscas envenenadas pelo caminho ou mesmo a ignorar comidas saudáveis que também podem estar se apresentando a nós.
Pois bem: Passei os último dez anos da minha vida procurando desesperadamente o amor (e escrevo isso com lágrimas nos olhos) e o mais triste é que acho que em nenhum momento eu me alimentei da forma mais adequada.
Nessa ansiedade de buscar sempre fora de mim algo que me completasse, fui me desnutrindo, me envenenando, permitindo ser mal tratada e nem percebi que estava cada vez mais afastada da minha natureza saudável.
A sorte das mulheres como eu (e elas são muitas)é que mesmo nesse massacre inconsciente, ainda nos resta um pouco de sabedoria que nos fala baixinho, por meio principalmente de sinais em nosso corpos e almas: uma tristeza que não passa, dores e doenças inexplicáveis, insônia, brabeza, raiva, explosões, cabelos que caem, insatisfação interminável.
É claro que podemos ignorar tudo isso e continuar nos envenenando, mas podemos escolher mudar a nossa alimentação, nos livrar dos nossos vícios.
Depois de muito tempo sendo mal alimentadas, de passar fome afetiva nesses tantos cativeiros nos quais ingenuamente ou loucamente nos metemos,o que acaba acontecendo é que a gente sai vorazmente devorando o que encontramos pela frente e normalmente esse alimento não passa de ilusão que só nos gera mais ansiedade.
Mesmo assim, estamos livres. Medrosas, mas livres. Reaprendendo a andar fora da jaula em que estivemos presas. Reaprendendo a só querer comer carne fresca, na quantidade suficiente. Aprendendo finalmente que ninguém além de nós mesmas é capaz de prover a comida mais deliciosa, suculenta e adequada para as nossas almas.
Confesso que há meses tenho arrotado e regurgitado o ranço dessa alimentação péssima à qual estive submetida (e que em certa medida com a qual eu me contentei e me submeti).
Me sinto presenteada pelo meu inconsciente quando ele me apresenta esse desenho engraçado de mim mesma mesma, pois vejo aí a possibilidade de mudar um padrão que me desgasta há tempos.
Foi assim que eu resolvi entrar em DIETA. Eu só quero comer o que me faz bem, e mesmo assim, com moderação.
Eu quero me alimentar dos meus dons, dos meus talentos, da minha criatividade, da minha alegria.
É claro que quero sobremesas que adocem a minha existência. Eu quero várias cerejas de bolos, chocolate quente nos dias frios e sorvetes adocicados nos dias de calor. Quero colher frutas maduras, não as comerei mais antes do tempo ou quando elas já estiverem podres.
E sei que só posso aceitar essas sobremesas deliciosas e tentadoras se, além delas serem feitas com os melhores ingredientes possíveis, eu antes tiver comido direitinho a minha própria comida, feita pelas minhas próprias mãos, seguindo a minha própria receita mágica, usando o meu caldeirão,minha colher de pau e o meu próprio fogo transformador.
Que seja assim.
Como diria a scarlett de "E o vento levou": Eu jamais sentirei fome novamente! Pelo menos não essa fome desmedida e destrutiva que de vez em quando nos acomete.
Esse é um post-nutricionista. Mulheres, já nos aconselhavam nossas mães e avós: ALIMENTEM-SE BEM!

Versos Livres

Eu gosto mesmo é dos versos livres.
Re-versos, di-versos, in-versos, uni-versos plurais.
Não gosto de ter que fazer rima a não ser que ela surja espontâneamente e traga musicalidade para a escrita, porque é aquilo o necessário naquele exato momento.
Eu gosto da liberdade de colocar as palavras fora de lugar, porque para mim a poesia tem a função justamente de tirar-nos do comodismo, da sonolência da alma e de lembrar que tudo se cria, até mesmo novos sentidos para velhos símbolos e significados.
O poeta livre tem que ser um desorganizador, uma pessoa insubmissa às regras, inclusive às gramaticais.
Eu gosto do Manoel de Barros. Gosto das palavras inventadas que ele mistura às outras que aparentemente não fazem sentido quando misturadas no seu texto. Eu gosto de ler quando ele diz que os sapos e as rãs falam de poesia. Estou totalmente de acordo.
A poesia não se prende aos limites das palavras, do papel, da mente. A poesia existe o tempo todo em todos os lugares.
Eu mesma prefiro a poesia sinestésica de um beijo ou de mil delírios arrepiantes. Eu prefiro a falta de ar que me dá estar apaixonada, aos dodecassílabos românticos e consagrados em páginas amarelas dos séculos passados.
Prefiro não ter que fazer sentido e sentir tudo o que eu desconheço com a pele, com a vista desembassada ou com a vista turvada por lágrimas – e que no meu papel, que pode ser o meu próprio corpo ou o meu odor ou o meu gosto, estejam impressas apenas algumas impressões inacabadas.
Poesia pra mim é beleza e a beleza não tem a ver só com o que é bonito, tem a ver com aquilo que nos tira de nós, que nos faz em algum canto da alma lembrar que a vida e o mundo são multidimensionais.
Eu gosto de começar a pensar desenfreadamente até que meu coração palpite e eu perca o fôlego. Eu gosto de estar fora de mim enquanto faço isso, porque é só assim que eu me adentro.
E eu gosto da poesia dos sons que não são palavras, da poesia das imagens que a minha retina ainda não conhecia.
Acho que é disso que precisamos: mais da sensibilidade poética das pessoas do que da poesia em si, que de toda forma existe independentemente dos poetas.
O mundo está carecendo mesmo é desse tipo de olhar sobre o mundo. Do olhar que reconhece a beleza de tudo o que existe e a compartilha como uma fonte luminosa de águas que hidrata a alma seca de todos nós e nos traz esperança e conforto em gotas de otimismo lírico e onírico.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Vaidosa




Pus-me bonita para você me ver passar,
Escolhi a cor certa, o tom mais reluzente
Pro brilho dos meus olhos.
Dexei o cabelo cair pro lado, desacostumado.
A cor da minha boca ficou contente,
No meu rosto, vermelhas maçãs-de-amor sem blush.
Unhas de gata malhada - sem base!
Sombreadas piscadelas me escaparam
E meus cílios sinceros se alongaram tentando te avistar...
Brotou de mim um convite,
Mas passaram horas, passou o dia,
Passou o momento de você me ver passar
E eu fiquei passada!
Com a alma amarrotada,
Estilosamente cheia de saudades de te encontrar...

Escrito de 2007 - além de mim, os anos também passaram...