domingo, 18 de março de 2012

Quietude

Estou quieta,
numa reclusão voluntária:
Só quero amar!
Dentro da concha,
debaixo da colcha.
Só quero amar!
Não esqueci que há o mundo,
nem que ele é grande.
Mas acontece que agora,
sua vastidão está  pequena
e lá fora está tão longe...
Ao meu alcance só está amar
E mais nada!

Tudo e nada

Descubro seus segredos com a boca.
Cada um deles, escondidos nas linhas do seu pescoço,
nas dobras minúsculas da sua pele,
à minha língua são revelados.

Te decifro com minhas células:
Grudo meu corpo ao seu, como imã,
até me perder nele.
Te escuto nas mínimas vibrações.
Te entendo nas sinfonias de vento quente do seu hálito.
Tremo inteira por dentro. Te sei todo!

Olho nos seus olhos - rio profundo, verde escuro.
Esqueço tudo que a sua pele me contara,
Meu coração acelera.  Não te sei nada!
Adentro sua noite quase infinita.
Suas pupilas, redemoinhos, me rodopiam no escuro.
Seu fluxo, mais forte que meu medo, me leva,
Sigo leve na sua penumbra cheia de luz.

Fecho os olhos, te sei todo de novo.
Te reconheço com a ponta dos dedos:
Gravo milhares de impressões suas nas minhas digitais.
Mas sentindo seu perfume profundo,
Num lapso, me perco e
Já não te sei nada, mais uma vez.

Então paro e só te sinto.
(Eu, que sou essa que passeia,
 de corpo e alma, dentro e fora de você).

E não há nada a ser descoberto:
Te sei todo (não te sei nada).
E tudo há para ser conhecido:
Não te sei nada (te sei todo).

Até que tudo ou nada deixem de existir...