quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Mais e Menos

Te vejo um criança
Com verdades tristes estampadas no olhar
Abaixo a minha vista
Para não me aprisionar
Mais...Para não te desentender
Outra vez.
Para fingir que não ligo
Para desmoronar depois
Sozinha.
Para não dizer tudo.

Te vejo uma criança
Com voz amarga caindo dos lábios
Ensurdeço meus ouvidos
Para me desapontar
Menos...Para não compreender
O que não se repete
Para fingir que não me sinto
Tão longe...
Para olhar miragens
distantes .

Te vejo uma criança
De cabelos pretos perdidos
Calo a minha fala
Para não me exceder
Mais...Para não sentir saudades
Intensas...
Para não dizer que eu ligo
Sim...
Para não cantar canções de amor
Sem saber por que.

Me vejo uma menina-moça-mulher
Sinestésica
Transpirando poesia
Querendo maisTemendo menosSem "mais ou menos"!
Nem mais, nem menos...
Abaixo a vista
Ensurdeço
Me calo
Temporariamente

Pra desmoronar a torre.
Pra sentir meu cheiro.
Pra exceder meu ser.
Pra quebrar a forma
Desconstruir as rimas
Pra dizer meus sins,
apesar dos nãos.
Pra não escrever finais
coerentes
Porque todos os dias
Eu mudo
Sem mais, sem menos...

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

(Quase) Introspectiva

Uma lágrima quase cai.
A melancolia quase se instala.
Meus pés quase passam pela porta.
Meus olhos quase miram os teus.
As palavras quase saem certeiras.
Soluços quase cantam.
Um grito quase sai da minha boca.
Eu quase ouço o que dizem.
Eu quase ouço o que eu sinto.
Pássaros quase abandonam suas gaiolas.
Eu quase aprendo a delicadeza.
Quase acredito que gostas de mim.
Quase sonho ser inteira...

domingo, 23 de setembro de 2007

23 de Setembro - Equinócio de Primavera

Aproveitem a PRIMAVERA. Ela traz consigo a possibilidade de renascimento, recomeço e alegria. Não se esqueçam que estamos intimamente ligados à natureza, embora muitas vezes nos esqueçamos completamente disso, por termos nos afastado tanto dela...

O fato é que se estivermos sintonizados, sentiremos a energia desta estação do ano de cores e calor, de vida aflorando e acordando depois do descanso necessário do inverno e, assim, poderemos dar às nossas vidas, nesse momento, esse mesmo rítmo otimista e pronto para " a eterna novidade do mundo".

Falando em estações do ano e nos ciclos da nossa vida, recomendo que vejam o filme "Primavera, verão, outono, inverno... e primavera".Acho esse filme muito ilustrativo para esse momento pelo qual eu e, tenho certeza, muitas outras pessoas estamos passando, que é um momento onde fica clara a necessidade de se esvaziar do passado com desapego para que o novo surja, mas tendo em mente que tudo que aconteceu antes foi exatamente o que tinha que acontecer para chegarmos onde estamos hoje. E o lugar onde estamos hoje, é exatamente onde devíamos estar...Além disso, o filme é maravilhosamente poético, é quase uma meditação...

Desejo a vocês uma estação bonita e feliz, que os/as preparará para viver um intenso verão!

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Psiquêgrafia*

A little star arises in the sky...
I look it softly saparkling,
smiling goodbye.
I wish It could be a falling star,
right in my arms...
But it's not for me to decide
the movements of the universe.

Uma pequena estrela aparece no céu...
Eu a vejo cintilando suavemente,
sorrindo seu adeus.
Eu gostaria que fosse uma estrela cadente,
caindo direto nos meus braços...
Mas não sou em quem decide
os movimentos do universo.

* psiquêgrafar é um conceito brilhante inventado por Fernanda, querida amiga, em uma noite etílicamente linda, de lua quase cheia, de olhos semi-cerrados e lacrimejantes... quando inesperadamente uma resolução esperada há anos acontece, num piscar de olhos!Então é possível sentir em cada batida descontrolada no meu peito, cada uma delas, que estremece a minha existência, uma porta se abrindo para o velho passar e dar lugar ao novo... Mas como é difícil! Como é difícil ter a humildade de deixar ao Universo a escolha de qual lugar é mais apropriado, qual é a hora mais adequada, porque no final, o controle é mera ilusão...

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

sem-sentido-sensível

Exalo meu halo,
Hálito e brisa.
Destilo motivos.
Ouço breves canções.
Meu coração bate,
Me atropela.
Minhas mãos desgovernadas
Não me seguram.
Exalo, destilo, verto,
Sem cessar.
Não entendo esperar.
Finjo palavras
Para preencher o vácuo.
Me desconcentro, não me conecto.
Bate, bate, bate
O músculo involuntário.
Calo - gelo na alma.
Exalo para dentro.
Por fora serena,
Por dentro sirenes.
Eu olho para os lados,
Procuro envergonhada
o que me prometeste.
Saio desconcertada.
Rio, apesar de tudo...

Fica comigo!

Verto mil goles vermelhos essa noite,
assim, converto minhas lágrimas econdidas
em sorrisos de borboletas azuis
vagueantes num labirinto de pétalas secas.
Flores sem néctar me alimentam de perfumes distantes
minha mente transita errante
por caminhos infinitos.
Instantes de luz permeiam meus sonhos
e eles se vão com o vento...
caminham, pregiçosamente
carregados de chuva e de gotas de mel,
ironizam o mundo sem querer...
Nos meus pensamentos palavras vão se apagando.
E na minha boca, o silêncio grita: não vai embora, fica comigo!

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Des-cartesiana

Descartando Descartes:
Existo, logo não penso.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Poesias de Mulheres

A primeira poesia dessa publicação é de uma das mulheres da minha vida: Carole.
"O contato não precisa de contrato": isso diz tudo! Por que é tão difícil para as pessoas simplesmente deixarem rolar o que quer que seja sem pensar no que será depois? Por que a maioria, senão todos os que eu conheço, não conseguem se tocar, se beijar, se amar momentâneamente sem pensar que isso implicará num depois, num contrato velado, num cativar indesejado? Por que as pessoas não simplesmente deixam rolar? É tão difícil assim? E se rolar um depois-sem-prazo-de-validade- pré-definido, um depois sem definições, simplesmente uma continuação de sensações e sentimentos sem nome, qual o problema?... Por que tem que ter nome? Por que tem que ser definido?
Aqui, nessa publicação, dedico um espaço a mulheres que não se enquadram, não cabem em categorizações, em pré-definições... que são muito mais do que isso e que querem muito mais do que os padrões de relacionamentos estabelecidos sabe lá por quem... por uma sociedade que não faz o menor sentido!
Chega... Leiam e se divirtam... se possível, reflitam...

"O contato não precisa de contrato
é com o ouvido e com o olfato
o todo fica tonto
quando um beijo afaga o ponto
no breu, à luz do encontro,
sem controle eu desmonto
te desminto e te conto
as controvérsias de outrora
- meu suor verte e chora
verde
azul
norte e sul
cor de amora
veste
minha nudez
leste e oeste.
O contato não mora,
visita o corpo dentro e fora
na tez,
no tesão,
na frente, na fronte,
na mente, na fonte,
no monte de vênus
é quente, a gente sente
o tônus, ao meno
se então
fica cool
meu coração,curaçau blue(am I a fool?)
O contato
não quer desconectar
quer néctar o paladar
a língua move sem falara fala cala
e o olho escuta
o que o coração diz
sem verbalizar.
Palavras não são nada
quando a gente pode gesticular
quando a gente pode ouvir
a voz de um olhar mudo.
O contato
é com tudo!"
( Carolina O.)

"Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha

Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha.)

Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel

Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra."
Roteiro do Silêncio(1959) - Sonetos que não são - I
Hilda Hilst

"Sou diva, doida, deusa
No meu ritual, pega a óstia e o vinho na ponta dos meus dedos –
toma-os com destreza, com tua língua duvidosa...
Tú, devoto descrente,
desmonta todos os dogmas da minha religião
descabida, desprovida, depravada...
Despe-me, rasga meu decote,
derrama teu gosto até o fim da minha cintura,
cospe desdém no meu corpo delgado, doce, desnudo – sem dó.
Clama dócilmente por meu querer doente,
que dilata tuas pupilas, esse querer delinqüente...
Deixa de lado toda decência desse mundo desencantado, decadente.
Eu, diva, doida, deusa te convido...
Te chamo a disputar comigo todo o desejo,
então me decomponho em mil delírios e
peço que venhas ser debochado debaixo, em cima,
de todas as formas bem demorado dentro de mim...
Em troca te dou minha benção ditosa, descomedida,
E se me ofereces dízimos, os desprezo,
pois o que se paga por me cultuar
são apenas as conseqüências deliciosas
de se entregar ao meu amor dionisíaco.
(Thaís Werneck - exercício em D).

Em breve mais poesias de mulheres, de homens, de seres iluminados e de sombras... o que importa é ser poeta não só nas palavras...

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Poema Plástico

" ......................................................
.........................................................
...................,...................... ,............
.....................................................!!!
.........................................................
....................................! (...) "


Nenhuma interrogação,
nem pontos finais.
Eu somente exclamo
esse sentimento ininteligível...
Compreenda-me, mas não tente entender.
Alguma explicação?
Leia os meus lábios, nos meus lábios -
Leia com a boca...
Estou cansada dessa falta de beijos seus!

Love is in the air...

Ontem conheci Curutiba de uma forma muito peculiar e divertida: de cima de um trio elétrico da Parada da Diversidade GLBT, ao som de "I will Survive", entre outros hits!
Contrariando as previsões metereológicas, Oxumaré - orixá do arco-íris - providenciou uma linda tarde com raios quentes e sem chuva - a não ser de homens e mulheres, como na famosa música "It's raining men".
Saímos da praça do homem nú (onde também há uma estátua de mulher nua, que não levou nenhum crédito na história machista), que estava cheia e especialmente colorida, coalhada de gente alegre, afirmando o direito pela livre orientação sexual e pela diversidade.
Eu fiquei contentemente agitando uma bandeirinha com o seguinte escrito: "Por um mundo sem racismo, machismo e homofobia". Orgulhosa por estar naquele momento em um lugar onde a imagem dos gays, lésbicas, travetis, transexuais, bissexuais e simpatizantes era associada à alegria, à liberdade de expressão e ao amor.
As falas eram na sua maioria pela criminalização da homofobia e pelo respeito à liberdade de amar!!!!
Eu, com meu caderninho ia anotando minhas impressões e gravando as cenas multicoloridas na cabeça de vento - pois a máquina de fotografia havia sido esquecida no hotel...
E pensava: na era de aquário, cada um será amado e aceito do jeito que é. E eu, no presente, faço a minha parte apoiando a causa e dançando com todos que queiram também um mundo livre de preconceitos e violência... um mundo onde possamos respirar o amor que está no ar, everywhere we look around...

Para maiores informações e para ver as fotos do evento acesse: http://www.paradadadiversidade.org.br/

2º Encontro Nacional dos Povos das Florestas

Querid@s,
Acessem a página do Encontro e façam suas inscrições!

"2º ENCONTRO NACIONAL DOS POVOS DAS FLORESTAS de18 a 23 de setembro - Brasília
OBJETIVOS:
Plantar conhecimento para fazer reencontrar o destino das florestas brasileiras com o coração esperançoso dos e das que lutam e trabalham pela continuidade da vida no nosso planeta terra. Gerar diálogos entre nossas gentes, nossas sociedades, nossas empresas e nossos governos para fazer crescer o fio d'água que haverá de reinventar as vertentes de um modelo de desenvolvimento socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente sustentável. Ampliar alianças para fazer brotar na Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampas e no Pantanal - no que sobra de florestas no chão do Brasil - uma geografia da razão voltada para manter vivas as nossas florestas para as gerações presentes e futuras."
Informações e inscrições: www.povosdasflorestas.org.br