quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Con-sentido.

Um som confuso ecoa do seu olhar:
estrelas cintilantes perdidas no universo vagueiam com a poeira cósmica
depositada nos cantos mal varridos da casa.
                    ***
Uma melodia bonita brota da palma das suas mãos.
A escuto pelos meus poros enquanto elas passeiam
desconhecendo os meus caminhos.
                   ***
Me comove o seu perfume de vaga-lumes tristes
e então lágrimas quentes de espanto escorrem
como gotas destiladas que me tatuam com o seu calor.
                    ***
Adormecendo, sinto todos os seus sentidos misturados nas pontas dos seus dedos:
Cometas inquietos e errantes me seduzem em slow motion.
Vejo o desenho deles no céu da sua íris.
                   ***  
Inquieta flutuo dentro de mim quando seus lábios-casulos pousam nos meus.
Sorrio efêmeras borboletas douradas de espanto e graça -
um som bem leve de asas voando na velocidade da luz se cala.           
                   ***  
Sonolenta, só penso em me demorar em todas as sensações descabidas e inacabadas.
Esfrio por dentro.
Não durmo, tampouco estou acordada.
                   ***
Fecho os olhos e por frações de segundos
me decomponho em pétalas de girassóis escandalosos,
Exuberantes.
                   ***
Abro a boca.
De lá de dentro vem um rugido manso esbravejando sabores
amarelo-manga.
                   ***
Eu me pergunto se você gosta do meu gosto.
Se você sente o desejo amargo-adocicado
que pulsa na minha pele.
                   ***
Se o tom da minha voz agrada a sua língua,
se você ouve o mantra mudo que eu entôo
ao soprar fumaça no ar quase úmido de primavera.
                   ***
Uma imagem pacificadora nasce com seus cabelos brancos
invisíveis a olho nu.
Finalmente não há mais perguntas e nem respostas.
                  ***
Eu me calo pra sentir, enfim,
o que eu sinto
e nem sei...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Abalo Sísmico


O coração do Brasil
Foi abalado
E eu fiquei Cismada.



quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Meditação preguiçosa

Dos meus ossos brotam palavras que não se articulam. Elas apenas pulam e correm, deslizam e dançam. Nada querem dizer. Se recusam a fazer sentido.
Independentes de mim, elas rodeiam algo parecido com o meu cérebro. Cochicham sílabas inacabadas. Flutuantes elas me transtornam levemente com a sua existência que não serve para nada.
Minhas pálpebras se fecham levemente, lutando contra minha vontade de me manter acordada.
É nessa batalha preguiçosa que as tais palavras desarticuladas vão se embrenhando em mim.
Carregadas pela minha corrente sanguínea, elas vagam vagarosamente me contando absurdos, enquanto irrigam minha mente com quase-idéias.
Eu observo e escuto quietamente. Nem penso em tentar compreender e, na verdade, nem quero pensar em tentar compreender...
Apenas permaneço encantada por essa canção de ninar subliminar feita de palavras incertas e bobas.
Satisfeita, continuo dormindo de olhos abertos...