segunda-feira, 30 de junho de 2008

O poeta é um fingidor...

O poeta pode sim ser um fingidor, mas eu ainda acho fundamental praticar o que se diz (ou se escreve).
Fiquei pensando esses dias em como as pessoas são teóricas, em como eu também o sou. Quantas teorias bonitas, quantos discursos sobre o mundo, sobre comportamentos, sobre a espiritualidade, sobre caminhos, sobre a ética. Tão pouca prática!
Será possível transformar o mundo por meio de palavras e idéias apenas? Se essas palvras e idéias chegam ao maior número possível de pessoas através da nossa AÇÃO, creio que sim. Mas se ficamos na inércia e na cômoda posição de nos acharmos superiores por termos pensamentos nobres e elevados sobre a existência, enquanto a vida vai passando, acho que viveremos sempre em um mundo de ilusão...
Nesse caso, melhor ser uma pessoa ordinária que age de acordo com o que diz, do que uma nobre pessoa que só fala, fala, fala...
Por tudo isso, decidi que a partir de agora vou fazer menos discursos e agir mais, de acordo com as minhas possibilidades, filosofia e de acordo com a REALIDADE.
Sonhar é bom, realizar o que se sonha é melhor ainda... e isso, só se FAZ na PRÁTICA.

domingo, 29 de junho de 2008

Resoluções de um bruxa

"Que eu seja como a que tece o pano na floresta, profundamente escondida.
Que eu possa fazer o meu trabalho sem interrupção.
Que eu seja uma exilada, se é este o sacrifício.
Que eu conheça a procissão sazonada do meu espírito e do meu corpo, e possa celebrar os quartos em cruz, solstícios e equinócios.
Que cada Lua Cheia me encontre a olhar para cima, nas árvores desenhadas no céu luminoso.
Que eu possa acariciar flores selvagens, cobri-las com as mãos.
Que eu possa libertá-las sem apanhar nenhuma, para viver em abundância.
Que meus amigos sejam da espécie que amam o silêncio.
Que sejamos inocentes e despretenciosos.
Que eu seja capaz de gratidão. Que eu saiba ter recebido a alegria, como o leite materno.
Que eu saiba isso como o meu gato, nos ossos e no sangue.
Que eu fale a verdade sobre a alegria e a dor, em canções que soem como o aroma do alecrim, como todo o dia e na antiguidade, erva forte de cozinha.
Que eu não me incline à auto-integridade e à autopiedade.
Que eu possa me aproximar dos altos trabalhos da terra e dos círculos de pedra, como a raposa ou a mariposa, e não perturbar o lugar mais que isso.
Que meu olhar seja direto e minha mão firme.
Que minha porta se abra àqueles que habitam fora da riqueza, da fama e do privilégio.
Que os que jamais andaram descalços não encontrem o caminho que chega à minha porta.
Que se percam na jornada labiríntica.
Que eles voltem.
Que eu me sente ao lado do fogo no inverno e veja as achas brilhando para o que vier, e nunca tenha necessidade de advertir ou aconselhar, sem que me peçam.
Que eu possa ter um simples banco de madeira, com verdadeiro regozijo.
Que o lugar onde habito seja como uma floresta.
Que haja caminhos e veredas para as cavernas e poços e árvores e flores, animais e pássaros, todos conhecidos e por mim reverenciados com amor.
Que minha existência mude o mundo não mais nem menos do que o soprar do vento, ou o orgulhoso crescer das árvores.
Por isso, eu jogo fora minha roupa.
Que eu possa conservar a fé, sempre.
Que jamais encontre desculpas para o oportunismo.
Que eu saiba que não tenho opção, e assim mesmo escolha como a cantiga é feita, em alegria e com amor.
Que eu faça a mesma escolha todos os dias, e de novo.
Quando falhar, que eu me conceda o perdão.
Que eu dance nua, sem medo de enfrentar meu próprio reflexo."


(Rae Beth)

Retirado de "A toca da loba"
http://lunabrigantia.multiply.com/journal?&=&page_start=20

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Em homenagem ao Rajneesh, ao herói e a Bob Marley

Estou viva! - gritou dentro de si para si.
"O líquido tinto da terra ainda corre deliciosamente nas minhas veias, aromas amadeirados servidos em taças de metal frio inflamam meu fogo entusiasta. Sangue quente... Estou viva... Em cada um dos cinco elementos que me compõem."
Seus dedos ansiosos e contentes buscavam letras que pudessem expressar um pouco da sensação que havia provado há um minuto atrás: a de se sentir viva e de saber, em um lampejo passageiro e misterioso, que não precisava haver motivo algum para se estar vivo.
Sentir isso era a plenitude de simplesmente ser! Talvez fosse essa a plenitude sobre a qual haviam comentado alguns gurus, desses que falam bem "slowly"...
Sentir aquilo deveria ser comum como respirar: afinal para os gurus, o encantador e o mágico não deveriam passar de cotidianeidades... segundo eles, a plenitude deveria ser nosso estado de espírito mais constante... isso é o que dizem certos gurus...
E talvez estejam mesmo plenos de razão...