terça-feira, 18 de janeiro de 2011

“Jackpot” (ou o amor não é um jogo)



Nunca tive sorte no jogo.
E por não ter querido aprender a jogar, criei essa mania de arriscar todas as minhas fichas de uma vez, porque para mim, viver não é uma questão de ganhar ou perder, e sim de ser inteira: “full house”, “all-in”.
Diz o ditado que: azar no jogo, sorte no amor. Sim, desde que o amor não seja visto como um jogo. Afinal, no jogo o outro é um adversário. No amor, se isso acontece: “drawing dead”- está tudo perdido! 
No amor não se pode ser calculista, não há blefe: os olhos não conseguem mentir, as faces ruborizam enquanto as mãos tremem de emoção e as palavras se embaralham na boca que só quer o beijo.
O jogo é poder. O amor é se perder.
Pelo menos é nisso que eu quero continuar apostando.

Glossário para os que, como eu, são leigos na arte do jogo:

Jackpot
Um prêmio atribuído a um jogador que cumpre uma série de pré-requisitos. Por exemplo, alguns cassinos atribuem um jackpot a alguém que obtém uma quadra ou superior e perde.
Full House
Uma trinca e um par. Também conhecido como Full Hand ou Full.
All-in
Ir fundo. Quando um jogador aposta todas as suas fichas em uma determinada mão.
Drawing dead
Tentativa de projeto para uma mão que mesmo bem sucedido não tem hipotese de ganhar o pot.

sábado, 8 de janeiro de 2011

E o vento levou...



Vão-se os lenços,
Fica a jugular
E o sangue que corre nela.





sábado, 1 de janeiro de 2011

Amanheceu o novo ano!

Lágrimas nos olhos, emoções, fogos de artifício, batuque, água, gente, orixás, velas, champagne, flores, incensos, desejos, muitos desejos, principalmente o desejo de saber desejar. E eu. Eu sozinha e inteira.
E depois que as velas queimaram, que as flores foram ofertadas no lago, depois de contemplar mamãe Oxum (com a espada na mão - que eu descobri que sou filha daquela Oxum que também é Iansã!), de vibrar com cada explosão de fogos, comi um acarajé, olhei tudo em volta e, antes que a chuva fina ficasse mais grossa, atravessei a ponte Costa e Silva, entrei no carro estacionado longe e voltei pra casa. E no meu caminho de volta eu me senti tão bem, tão inteira que eu pensei: a iluminação deve ser algo parecido com isso. Não há falta, só completude.
Acho que no final, nos últimos minutos do ano eu consegui realizar o meu desejo primordial de 2010: aprender a solitude.
Gratíssima ao uni-verso, infinitamente criando poeticamente o novo.