terça-feira, 21 de setembro de 2010

Manuelesca, ou amando os caracóis (dos meus cabelos)

(Hoje eu acordei me sentindo uma poesia do Manoel de Barros.)

Pensei doidices, amei citrinos e cuspi ágatas de fogo.
Passei a mão nos caracóis dos meus cabelos
E senti cócegas no fundo do labirinto que mora nos meus ouvidos.
Só então ouvi segredos da primavera.
E ela me disse: gargalhe em tons cor-de-rosa!
Engula os tons pastéis do inverno e arrote andorinhas piadeiras!
Saboreie as romãs como fazem os beija-flores que moram atrás da sua janela
ao fazerem amor-brincadeira com elas.
Esteja transbordando mais do que a si mesma.
Lacrimeje suas emoções rodopiantes
e suspire lucidamente os diamantes que habitam em você.
Foi isso que  ouvi ao percorrer silenciosamente o tal labirinto que mora nos meus ouvidos,
enquanto avistava em azul as primeiras pétalas de asas de insetos mortos
voando carregadas nos braços da brisa perfumada da manhã de sol sustenido.