terça-feira, 16 de outubro de 2007

Homenagem a uma estrela-irmã que retorna ao lar

Há meses atrás minha querida amiga Regina se foi para longe meditar. Meditar sobre o tempo, sobre a amizade, sobre a existência, sobre os amores, o passado, sobre os encantos e desencantos dos desertos que vira-e-mexe surgiam dentro dela.
Não deu notícias, não escreveu, nem telefonou - apenas telepatizou e refeltiu meses sem pensar.
Nadou, caminhou na praia, deixou sua pele queimar ao sol pra se sentir menos frágil, talvez... aprendeu com as marisqueiras e com os amigos do mar coisas que desde sempre já sabia e lembrou das coisas novas, nas quais não havia chegado a pensar.
Eu senti saudades e deixei escapar suspiros e sorrisos ao me lembrar dela atrapalhadamente ariana com a lua em gêmeos (como a minha!), acolhedora com o ascendente em câncer... ao recordar das nossas conversas metafóricas de ar e fogo misturados, que nos chegavam aos ouvidos coloridas, sempre desafiando a monotonia das palavras e idéias ordinárias...
Publico aqui um poeminha que escrevi no dia em que ela foi embora e em seguida publico, com muita honra, um poema simbólico escrito por ela sobre o seu Rê-torno não para Brasília, mas para si mesma.
Que flores vermelhas brotem infinitamente no oásis do seu olhar verde-claro, querida amiga!

Poesia para uma amiga em retiro

"Lá se vai a libélula multicolorida,
fazer florescer novos jardins...
Menina feita de nuvens chorosas, de arco-íris e risadas,
A ti, desejo um tempo de amores e de brisa do mar,
um tempo que pára os relógios cotidianos e
desmancha os castelos de areia,
um tempo que semeia teus sonhos
e faz cantar os passarinhos,
na mata atlântica, nos coqueiros antigos e nas cachoeiras,
Quando, no fundo do mar bahiano,
te sorrirão cavalos marinhos e redemoinhos...
Dançarão em tua homenagem
arraias profanas, tubarões medrosos e golfinhos.
E eu, cá no cerrado,
derramarei uma lágrima mista de saudade e fantasia..."
(Thaís Werneck)

Agora a esperada poesia da amiga que voltou:

Rê-nascimento

"Um zumbido arranhado,
dissonantes frequências em rê-composição,
[buscando o mergulho definitivo para dentro da refrescante melodia das asas.

Um deserto de sal e lágrimas,
chuva ácida que dissolve a contemplação do infinito
[na sábia teimosia do rê-nascer da frágil flor.

Um grito em mil pedaços rasgado,
Abocanhado pelas feras da noite que arde
[mas que logo se rê-trai e se apaga.

Um vento forte,
Que varre a aspereza das palhas
[ensandecido espiral rumo ao ventre que palpita de estrelas e amor.

Um abalo sísmico,
Rebuliços no oceano da alma
[lava e água nas sendas do impenetrável coração.

Um suspiro profundo
Afago cósmico, um "sim" ao mundo
[e ao vai-e-vem paciente e perseverante das estações.

Uma voz tão suave e terna
Ninando os prantos, medos e ilusões
[morno aconchego num ninho banhado em luz.

Quer com o negro véu do luto,
quer vestido de cintilâncias primaveris,
é o mesmo chamado, em tantas formas transmutado
[soluços e súplicas pelo rê-torno ao lar...

Mais que guerras e fronteiras,
quero teias e pontes!

Rê-nascida das próprias cinzas,
a fênix solar se eleva inteira aos céus,
explodindo numa supernova de aceitação e amor.

E do útero do universo verte uma cascata de sorrisos,
[prece cósmica pelo pulsar de tão majestosa galáxia."
(Regina Nascimento)

Linda!

É por isso que concordo com meu amigo João Alfredo (que já me prometeu um texto para ser publicado aqui): Viajar é preciso!

2 comentários:

Unknown disse...

Porque és o beijo orvalhado
Que a respiração acalma
Quando é noite na alma,
Te amo.

Porque encantas as cores
A dançar sem pudores
Entre borboletas e mulheres
Embriagadas de amores,

Porque és o que teces,
Te amo.
[éter-na-mente!

Unknown disse...

Riu, riu...
Que faço eu dessas doces e gratas lágrimas, nado até ti?