quinta-feira, 13 de março de 2008

Beija-me


Beija-me, amor
Quando quer que tenhas o menor sinal de vontade,
Mas que não sejam nunca poucos
Os teus anseios por mim.

Beija-me, mesmo o mais breve dos beijos -
um beijo que é o instante antes dos teus dedos me tocarem,
quando por dentro estou dormente (sou milhares de reações em cadeia)
e por fora é impossível saber que qualquer indício teu,
até mesmo um olhar desinteressado
faz-me sentir a tua língua passeando por toda minha extensão.

Beija-me, como se estivesses ao meu lado
e te virasses para mim sem me reconhecer -
Como se tudo fosse absolutamente estranho.
Beija-me, sem saber que eu sou o lugar
onde desenhas teus abraços e apagas tua agonia.

E, quer por instinto ou por amor,
Percebe o gosto meu te enlaçando o tempo todo
Em tudo o que te olha com espanto,
Em tudo que só quer um beijo teu,
Quando quer que tenhas o menor sinal de vontade
Porém, o menor sinal da maior de todas as vontades...
(Gravura de E. Munch)

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