segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

O encontro da rosa e da borboleta

Acordei de repente - 3 horas da manhã dentro de uma barraca de neon. Vozes do mar sussurravam uma súbita canção de ninar estrondosa e eu, com um sorriso há tanto tempo ausente, despertei por dentro...
Nesse momento me veio à cabeça, finalmente, uma imagem poética, uma metáfora linda sobre como os encontros de alma são transformadores... sorri novamente, testando se estava deveras feliz depois de tanto tempo, e então meus lábios se espreguiçaram mais um pouco, as maçãs do meu rosto se moveram gentilmente, abrindo espaço para um suspiro sereno me dizer que "sim! você se sente viva, feliz e tem o coração batendo forte de emoção!"
Fiquei brincando com imagens que passavam pelos meus olhos fechados preguiçosamente: uma borboleta rasgava suas belas asas enquanto uma rosa triste e murcha a mirava impressionada. As duas se reconheceram na melancolia e nenhuma entendeu os motivos da outra. Instintivamente se entrelaçaram a lagarta que costumava ser borboleta e a rosa que costumava ser rubramente reluzente e se amaram impensadamente, se amaram esquecendo a tristeza, a beleza e seus fardos, se amaram até que caiu a primeira gota de orvalho. Foi quando vôou com asas de pétalas a renascida borboleta e sorriu luminosamente, espalhando pelos ares um perfume incandescente, a rosa, que agora era dourada.
Após esse bonito devaneio, olhei para o relógio e já era hora : abri a cortina e o céu cinza-azulado da madrugada já estava sendo pintado de laranja forte. Saí descalça, sedenta, esquecendo todos os meus segredos, abrindo a minha vida para a vida e vi o sol, lentamente se apresentando, ouvi o mar balbuciando seu agradecimento pela luz que o tornava cada vez mais verde claro, senti a brisa que passava como de costume nesse horário pela praia e, mais uma vez, a minha boca insistiu em tomar forma de sorriso. Eu, então, me entreguei... me entreguei para aquele momento único que me transformou sem que eu soubesse...
Continuo sorrindo até agora...

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